A improvisação é o coração do jazz. Tocar uma melodia e não improvisar não é jazz — por mais “jazzística” que possa soar a execução e a harmonia da música. E, tanto quanto o jazz, a arte da improvisação evoluiu na história. Daí a importância de Uma Introdução à Improvisação no Jazz (A Jazz Improvisation Primer), de Marc Sabatella, livro que associa a história do jazz à evolução da teoria musical por trás dessa música, e aponta para o uso dessa teoria na prática da improvisação. O livro também dá dicas de como tocar jazz em grupo, traz uma excelente discografia comentada, e muito mais.
O autor colocou todo este livro gratuitamente à disposição de quem se interessa por saber mais sobre improvisação no jazz, e o mesmo ocorre com esta edição em português. Além de um excelente pianista de jazz — o que você pode atestar ouvindo um de seus discos, como Falling Grace –, Marc Sabatella é um cara muito didático, e as explicações deste livro vão certamente ajudar a ampliar os horizontes do músico que queira dominar a teoria e a técnica por trás da improvisação de jazz, bem como daquele que, não sendo músico, aprecie o jazz e queira conhecer mais sobre o que está por trás de sua evolução musical.
Esbarramos nesta tradução em diversos termos e expressões cuja versão para o português oferece, ora várias alternativas, ora nenhuma. Optamos aqui, por exemplo, por traduzir “playing changes” por “improvisar sobre progressões”, e “chord changes“, ou simplesmente “changes” por “progressão harmônica” (ou de acordes), embora esta expressão seja também conhecida como “sequência” ou “encadeamento” harmônico (ou de acordes). E a escolha das notas para a execução de um acorde, que o músico de jazz chama em inglês de “voicing“, virou para nós “abertura” (seguimos aqui a terminologia usada por Wilson Curia em seus excelentes livros Manual de Improvisação e Harmonia Moderna e Improvisação), embora haja quem utilize expressões como “distribuição”, “posicionamento” e outros termos. “Rhythm changes“, um tipo de progressão harmônica popularizada no jazz pela música I Got Rhythm, de George Gershwin, virou para nós a “progressão I Got Rhythm”, às vezes resumida para “progressão Rhythm”, mas há quem a ela se refira por outros termos, ou simplesmente a mantenha sem traduzir.
Para evitar entretanto usar múltiplas traduções, ou tomar partido de uma expressão em detrimento de outra de maneira inapelável, em muitos casos optei por manter no próprio texto as expressões em inglês, mesmo quando estas foram traduzidas ou explicadas em português. Acho que isso facilitará a procura de outros materiais na internet sobre cada um dos vários tópicos a que este livro se dedica.
Optei nesta tradução por manter as cifras de acordes usadas no texto original. Assim, o leitor verá Cmaj7 para um acorde Dó com Sétima Maior, que muitas publicações brasileiras grafariam como C7M. Espero poder em breve compilar uma tabela das cifras mais usadas no jazz com suas equivalentes utilizadas pela música brasileira. Enquanto isso, achei prudente manter as cifras originais porque a maior parte das lead sheets, como são conhecidas as partituras de jazz, faz uso dessas cifras.
Agradeço aos amigos que me ajudaram na revisão desta tradução. Ion Muniz, um grande improvisador brasileiro, ajudou com vários termos da “cozinha” da música. Agradeço também aos colegas dos fóruns www.batera.com.br e www.cifras.com.br por respostas à pergunta: “como se diz isso em bom português?”
Encontrando algum erro, ou tendo alguma sugestão de como eu possa melhorar esta tradução, por favor entre em contato.
Bom proveito!
Cláudio Brandt
Tradutor